O cartão Black, que antes simbolizava o ápice da exclusividade no setor de pagamentos, está perdendo espaço no cenário de luxo. A Mastercard anunciou nesta segunda-feira (20) a introdução no Brasil do World Legend, seu cartão de crédito de maior exclusividade, direcionado à clientela de altíssima renda. Sendo o terceiro maior mercado da empresa globalmente, o Brasil é o segundo país a receber este novo produto, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
Destinado ao segmento do 1% mais abastado, que detém mais de 27% da receita nacional, o World Legend se posiciona em um patamar superior ao Black. Contudo, a estratégia transcende o volume de emissões. “É um produto muito mais estratégico de posicionamento do que de grandes volumes”, esclareceu Marcelo Tangioni, presidente da Mastercard Brasil, durante o evento de lançamento.
Este lançamento intensifica a competição pelo topo da pirâmide no mercado brasileiro de cartões. Em maio, a concorrente Visa havia introduzido o Infinite Privilege, também focado em alta renda e experiências singulares, sinalizando uma clara propensão das bandeiras em criar categorias ainda mais restritas para fidelizar esse público e valorizar o “luxo silencioso”.
O novo produto da Visa mira em clientes com rendimento anual superior a R$ 30 milhões. Já a abordagem da Mastercard é não estipular valores. A exclusividade será assegurada por um controle no número de cartões liberados por cada banco, sem definir um valor mínimo de renda ou investimento. “Queremos ter certeza que será exclusivo, limitado e colocado nas mãos corretas. A ideia é dissociar um pouco o produto do simples fato de ter dinheiro”, pontuou Leonardo Linares, vice-presidente sênior de produtos.
Sete instituições emissoras já estão confirmadas para oferecer o novo cartão da Mastercard, ainda neste ano: Banco do Brasil, BTG, C6 Bank, Itaú, PicPay, Sicoob e Sisprime do Brasil. Outras negociações estão em curso, e um oitavo parceiro – um relevante banco tradicional, ainda não confirmado – deve ser revelado nesta semana.
Para 2026, a bandeira já adiantou o lançamento de um nível ainda mais elevado: o World Legend Exclusivo. Nesta categoria, o benefício Air Companion permitirá ao titular obter uma passagem em classe executiva para um acompanhante em rotas selecionadas. “Um dos nossos focos é que o nosso cliente possa compartilhar essas experiências com seus entes queridos. Isso é luxo”, declarou Tangioni.
Guerra de benefícios
No âmbito do World Legend, cada emissor terá liberdade para definir seus próprios critérios de elegibilidade e benefícios extras, como programas de pontos. Mesmo assim, a Mastercard estabeleceu uma base de experiências exclusivas para competir com outros players do mercado, organizadas em três pilares: viagens, gastronomia e entretenimento.
Arte e cultura também são foco dos benefícios. Uma parceria com a Galeria Nara Roesler oferecerá ao portador, sua família e amigos um art advisor exclusivo, para orientar sobre aquisições, vendas e vivências em arte contemporânea. Estão previstos acesso prioritário a feiras internacionais (como Art Basel Miami e Paris, SP-Arte e Tefaf NY), além de visitas guiadas e imersivas a museus, inclusive fora do horário normal de funcionamento.
Segundo a CMO Taciana Lopes, a estratégia de comunicação se afastará da publicidade convencional, concentrando-se em eventos seletos – como jantares na residência de Alex Atala, ou um show intimista de Marisa Monte – e no conceito de “luxo silencioso”. “Não adianta querer falar de sofisticação e sair com uma campanha espalhafatosa”, comentou o CEO. Para personificar os atributos do cartão, a Mastercard reuniu um time de “lendas”: o chef Alex Atala, a consultora de moda Costanza Pascolato, o navegador Amyr Klink e o músico Seu Jorge.
Como “líder no segmento de alta renda” desde a estreia do Black, há quase 20 anos, o World Legend carrega uma grande responsabilidade, afirma Tangioni: “Substituir o Mastercard Black como nosso ícone do segmento traz um nível de responsabilidade absurdo. Tomamos um cuidado muito grande para trazer algo que desse continuidade a essa dinastia de liderança que temos no mercado de luxo”.
