
A primeira paralisação do governo federal dos Estados Unidos desde 2019 entrou em vigor após a meia-noite de quarta-feira (1º). O shutdown foi deflagrado depois que o Congresso não conseguiu chegar a um acordo de financiamento de última hora, resultando na interrupção de diversos serviços federais e na dispensa de centenas de milhares de funcionários públicos.
O ponto central que levou ao colapso nas negociações foi a rejeição, pelo Senado, de uma legislação crucial conhecida como “resolução contínua”. Essa medida permitiria que o governo continuasse operando com seu orçamento existente até o dia 21 de novembro, evitando a paralisação.
A proposta, que já havia sido aprovada pela Câmara, foi derrubada no Senado por 55 votos a 45, ficando aquém do limite de 60 votos necessários.
O principal fator que polariza republicanos e democratas é a exigência da bancada democrata de estender os créditos fiscais federais sob a Lei de Proteção ao Paciente e Cuidados Acessíveis (livre tradução do termo em inglês Affordable Care Act, a ACA), que devem expirar no final do ano.
O que dizem os republicanos? Com o controle da Câmara, o Senado e a Casa Branca, eles alegam que os democratas estão forçando a paralisação. O presidente Donald Trump tem acusado a oposição de querer conceder acesso a benefícios de saúde pública a imigrantes indocumentados (algo que, legalmente, eles não têm permissão para fazer).
Por sua vez, os democratas rebatem, culpando os opositores. O líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, acusou os republicanos pela paralisação, e disse que eles “não protegeram a saúde dos americanos”.
Com a palavra, TrumpA retórica em Washington se acirrou nas horas que antecederam o shutdown. Trump, que já havia afirmado anteriormente não se preocupar com a paralisação, ameaçou os Democratas de que o governo federal poderia “fazer coisas […] que são irreversíveis… medicamente e de outras maneiras, incluindo benefícios”, alertando para possíveis cortes permanentes.
O Escritório de Gestão e Orçamento chegou a instruir agências federais a formular planos para demissões em massa para causar o “máximo de dor” aos Democratas caso o acordo não fosse selado.
Em resposta, o líder democrata Chuck Schumer classificou a ameaça de demitir funcionários federais como “uma tentativa de intimidação”.
Entenda quem é afetado e o que fecha
Com a paralisação em vigor, a operação do governo é severamente impactada. Confira.
Funcionários
Cerca de 750.000 trabalhadores não essenciais serão colocados em licença não remunerada. Funcionários considerados essenciais, como militares, seguranças aeroportuários (TSA) e seguranças de fronteira, deverão continuar trabalhando sem remuneração até que o impasse seja resolvido.
Serviços Essenciais
Programas de gastos obrigatórios, como Previdência Social e Medicare, continuarão operando normalmente.
Outros
É provável que parques nacionais e museus fechem ou operem com serviços reduzidos. Agências federais, como a Administração Federal de Habitação, podem parar de processar novos empréstimos, e inspeções de rotina de órgãos como a FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos) e a EPA (Agência de Proteção Ambiental) serão reduzidas ou interrompidas.
Especialistas alertam que as interrupções nas viagens aéreas e ferroviárias, juntamente com o fechamento de pontos turísticos, podem custar à economia cerca de US$ 1 bilhão (R$ 5,29 bilhões) por semana.
Com informações de Forbes