Momento de emoção no programa “Muito Mais” na TV Band Manaíra, na tarde desta terça-feira (19), onde Gerardo Rabello entrevista Silvana Pilipenko, paraibana que deixou a Ucrânia durante a guerra.

Em fevereiro (26) Silvana postou um texto em suas redes sociais que descreve o momento que ela estava vivendo junto com a família:

“A querra tem várias facetas e uma delas é a fome e a sede. Hoje saímos para comprarmos alimentos e a maioria dos supermercados estavam fechados, os poucos abertos estavam com escassez de produtos. Eu havia feito uma lista, que nem foi seguida, tão pouco concluída. Conseguimos comprar algumas poucas coisas, e também 4 botijões de água com gás. Nós estamos economizando tudo o que temos, porque não sabemos até quando essa situação se estenderá.
No supermercado as pessoas se entreolham, e se ocasionalmente se tocam, há uma solidariedade silenciosa. Há um respeito recíproco, há um entendimento simultâneo: há um bater de coração diferente, um cuidado manso e delicado. A parte linda da guerra é ver o amor aparecer, ainda que acanhado.

Alguns olharam para mim, como a se perguntar: o que faz aqui uma estrangeira? Eu gostaria de responder: – Aprendendo, como você.

A cidade está calada, as pessoas caminham com passos decisivos e apressados, o frio continua. A noite chega, já é a terceira, e antes de adormecer tenho a certeza que falarei com Deus e lhe pedirei que não permita sermos atingidos, que essas paredes suportem, que esse teto de concreto não caia sobre nós, e, se cair, o Senhor nos salvará conforme a sua linda misericórdia. Oro por todas as pessoas ucranianas, inclusive os soldados, muitos ainda imaturos para viverem uma guerra de verdade; oro pelas crianças inocentes que nada compreendem, mas choram sem saber do porquê: oro pelos idosos, que mereciam viver essa fase da vida com dignidade e calmaria; oro pela paz entre essas nações onde as armas sejam abaixadas, as mãos estendidas e apertadas entre si. Oro por muitas coisas e sei que Deus está a inclinar os Seus ouvidos em nossa direção, porque Ele cuida daqueles que o ama e é essa a minha certeza para seguir adiante sem questionar a fé.”

Silvana passou 26 dias sem contato com a família, que mora em João Pessoa. Na entrevista ela conta sobre o isolamento e como foi o trajeto de volta para casa. Ela, o marido ucraniano, Vasyl Pilipenko, e a sogra, de 87 anos chegaram na capital no dia 10 de abril em segurança.

Confira a entrevista na íntegra no YouTube da TV Manaíra.