Itália e o Império dos Superiates: Tradição, Design e Inovação

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A Itália consolidou-se como protagonista absoluta na construção de iates de luxo, respondendo por mais de 50% do mercado global na última década, segundo a plataforma de inteligência SuperYacht iQ. A distância em relação aos concorrentes é expressiva: o Reino Unido detém apenas 10% de participação e a Turquia, 8% — uma disparidade que reforça a supremacia italiana no setor.

Um estudo conjunto da Altagamma-Deloitte e da ICE (Agência Italiana de Comércio), publicado em 2022, revelou que a indústria náutica italiana movimentou US$ 13,3 bilhões (R$ 70,2 bilhões), equivalentes a €11,4 bilhões (R$ 71,1 bilhões), sustentando mais de 54 mil empregos diretos. Quando somado o impacto do turismo náutico, a contribuição do setor alcança US$ 32,3 bilhões (R$ 170,6 bilhões) ou €27,7 bilhões (R$ 172,9 bilhões) — números que evidenciam seu peso na economia nacional.

A cena italiana é dominada por grupos de prestígio internacional, como Azimut | Benetti, Ferretti Group (que abriga ícones como Riva e Pershing), Sanlorenzo, além de estaleiros tradicionais, como o Baglietto, e conglomerados de ponta, como o The Italian Sea Group. Outros nomes relevantes que contribuem para o ecossistema incluem Mangusta, Palumbo Group e Next Yacht Group, todos responsáveis por perpetuar a tradição artesanal e, ao mesmo tempo, impulsionar a inovação que mantém a Itália no centro do mapa náutico mundial.

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Em conjunto, esses estaleiros dão vida a centenas de embarcações por ano. Só em 2024, a indústria italiana concluiu 135 iates com mais de 30 metros de comprimento, consolidando seu protagonismo absoluto no segmento de grandes embarcações. A diferença é marcante: a Turquia, segundo maior produtor mundial no mesmo período, entregou apenas 19 unidades desse porte — um contraste que ilustra a escala, a expertise e a tradição que mantêm a Itália no topo da indústria global de superiates.

Por que a Itália produz iates em escala tão ampla?

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A explicação para essa supremacia está enraizada na relação histórica e contínua da Itália com o mar. Com mais de 7.600 quilômetros de litoral e uma posição estratégica nas principais rotas comerciais da Europa, o país consolidou desde cedo sua vocação naval. O que começou como construção comercial de embarcações evoluiu, ao longo do tempo, para a fabricação de iates de luxo, sustentada por uma combinação rara de infraestrutura avançada, conhecimento transmitido entre gerações e mão de obra altamente qualificada.

Hoje, além de exportar para o mundo, a própria elite italiana alimenta o mercado. Ícones como o dirigente da Fórmula 1 Flavio Briatore, os estilistas Domenico Dolce e Stefano Gabbana, Giorgio Armani, Roberto Cavalli e o empresário Pier Luigi Loro Piana já estiveram associados a embarcações que se tornaram símbolos de status e refinamento. Paralelamente, a forte tradição na vela — reforçada por regatas históricas e por velejadores de renome internacional — consolidou a Itália não apenas como produtora de excelência, mas também como protagonista cultural do lifestyle náutico.

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Design italiano
Outro pilar que sustenta a liderança italiana é a relação intrínseca do país com o design. Elementos que hoje são considerados padrão na indústria de superiates nasceram na Itália — entre eles, as plataformas dobráveis integradas ao beach club e as piscinas com fundo de vidro, soluções que unem estética, funcionalidade e inovação. Essa capacidade de antecipar tendências reforça a reputação do país como referência em criatividade aplicada à náutica.

O orgulho nacional também se manifesta nas escolhas dos proprietários italianos, que frequentemente privilegiam marcas locais. O recente Ferretti Yachts 940 foi adquirido por um cliente italiano, enquanto o Anjelif, da Columbus Yachts — um iate de 50 metros — foi encomendado por um empresário do setor farmacêutico do país. Esses exemplos ilustram não apenas a força das grifes navais italianas, mas também a conexão emocional entre clientes e estaleiros, que perpetua o ciclo de inovação e prestígio da indústria.

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O cenário náutico italiano
O interesse pelo setor se reflete em eventos de grande porte, como o Salão Náutico Internacional de Gênova, a mais importante mostra de iates a motor da Itália. A edição mais recente colocou em evidência a nova geração de projetistas e construtores, com ingressos a preços reduzidos para visitantes com menos de 25 anos, e apresentou os TechTrade Days, iniciativa dedicada às tecnologias e inovações que moldam o futuro da náutica.

Outro marco no calendário é a Maxi Yacht Rolex Cup, em Porto Cervo, na Sardenha, que reúne uma frota de velejadores de elite e embarcações de renome mundial, transformando o evento em vitrine de prestígio e excelência.

O domínio italiano na construção de iates é, portanto, fruto de séculos de tradição marítima aliados a uma cultura que valoriza design, estilo e qualidade, em constante diálogo com a inovação tecnológica. De estaleiros familiares a grupos que se tornaram líderes globais, a Itália consolidou uma trajetória que a mantém como referência absoluta no universo dos superiates.

Com informações da Forbes

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