O artista italiano Salvatore Garau voltou a provocar o mundo da arte ao vender o que ele chama de “escultura invisível”. A obra, que não possui forma concreta e existe apenas por meio de certificado, teria sido comercializada por valor equivalente a cerca de R$ 87 mil.
De acordo com o artista, essa escultura inmaterial representa “um espaço cheio de energia”, ou seja, mais do que ausência, uma ideia concebida como forma artística. Garau já havia sido notícia ao vender obras invisíveis anteriormente, o que gerou tanto admiração quanto ceticismo.
Para o público que acompanha os universos do entretenimento, sociedade, negócios e luxo, o caso chama atenção por diferentes motivos. Primeiro, porque ultrapassa as fronteiras tradicionais do que se entende por “obra de arte”, não é concreto, não é material. Segundo, porque o alto valor pago mostra como o mercado de arte conceitual continua atraente para colecionadores dispostos a investir em exclusividade e em ideias. Terceiro, pela dimensão de “status” envolvida: adquirir algo “único”, raro e enigmático, conversa com o segmento de luxo e colecionismo.
No contexto de negócios, esse tipo de transação revela como a arte contemporânea aposta cada vez mais em “experiências” e significados simbólicos, ao invés de apenas objetos físicos. Já na esfera social, levanta questionamentos sobre valor, percepção e legitimidade, ou seja: quanto estamos dispostos a pagar por aquilo que “vemos” ou “imaginamos”?
Por fim, no âmbito de luxo, a venda reforça a ideia de que o luxo atual muitas vezes não está no óbvio (ouro, mármore, diamante), mas no intangível: no que se fala, no que se exibe como diferencial, no que remete à raridade de concepção.
Assim, o episódio de Salvatore Garau e sua escultura invisível se torna não apenas uma curiosidade, mas também um indicador de tendências no cruzamento entre arte, negócio e consumo de luxo, e de como ideias, mais do que objetos, podem valer fortunas.
Com informações de O Globo
