CNC projeta crescimento do varejo em 2025 e 2026 após desempenho positivo em outubro

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A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) projeta que o varejo restrito brasileiro deve crescer 1,81% em 2025 e 3,66% em 2026, indicando uma trajetória de expansão mais consistente para o setor. As estimativas foram divulgadas nesta quinta-feira (11) e têm como base os dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) de outubro, publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo a CNC, o cenário aponta para um ambiente de consumo ainda moderado, mas com sinais claros de fortalecimento, impulsionado pela inflação sob controle e pela retomada gradual da atividade econômica.

Para o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, os números reforçam a resiliência do setor. “Os resultados mostram a capacidade de adaptação do comércio. A recuperação tende a ganhar tração em 2025 e 2026, à medida que os efeitos de choques recentes se dissipam e o ambiente de consumo se torna mais previsível”, avaliou.

Em outubro, o varejo restrito cresceu 0,5% na comparação com setembro, superando a expectativa do mercado, que projetava retração de 0,1%. O resultado confirmou a estimativa da CNC e contribuiu para sustentar as projeções mais otimistas para os próximos anos.

Apesar do avanço mensal, o crescimento acumulado em 12 meses perdeu ritmo, passando de 2,1% em setembro para 1,7% em outubro, indicando que a recuperação segue gradual.

De acordo com a CNC, o fim do tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre parte das exportações brasileiras também reduz riscos à atividade doméstica, já que as tarifas incidiam principalmente sobre bens industriais, com menor impacto direto no varejo interno.

Para o economista da CNC, João Marcelo Costa, o atual cenário reflete fundamentos econômicos distintos entre os segmentos do comércio. “A demanda por bens duráveis segue limitada pelo encarecimento do crédito, enquanto os setores menos dependentes de financiamento continuam sustentando o varejo. Em 2026, esperamos uma aceleração mais clara com a normalização gradual das condições monetárias”, explicou.

O varejo ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, registrou alta de 1,1% em outubro, mas segue estagnado no acumulado em 12 meses. O principal fator de pressão continua sendo a taxa de juros, atualmente em 15% ao ano, o que restringe o consumo financiado.

Mesmo assim, o setor automotivo apresentou crescimento de 3% no mês, impulsionado pela recomposição da demanda, estratégias comerciais mais agressivas e pela proximidade do período de fim de ano.

O segmento de hipermercados e supermercados, principal componente do varejo restrito, manteve estabilidade em outubro. O resultado reflete a desaceleração da inflação de alimentos e bebidas, que registrou variação praticamente nula (0,01%), com destaque para a queda nos preços do arroz (–2,49%) e do leite longa vida (–1,88%).

Já o volume de combustíveis e lubrificantes cresceu 1,4%, revertendo dois meses consecutivos de retração. A maior atividade logística e a recomposição da demanda explicam o avanço, mesmo com oscilações nos preços dos derivados.

Outros destaques positivos foram os segmentos de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (+3,2%) e de veículos, motocicletas, partes e peças (+3%). O único recuo registrado no varejo restrito foi no setor de tecidos, vestuário e calçados, que caiu 1,2%.

Category: Destaques, Negócios
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