
O agronegócio brasileiro pode estar diante de uma nova fronteira econômica: o cultivo da Cannabis sativa, conhecida como cânhamo ou maconha. Segundo um estudo da consultoria Kaya Mind, especializada em dados do setor, a planta tem potencial de gerar lucro líquido de até R$ 23 mil por hectare, valor 11 vezes superior ao da soja, principal cultura do país.
A economista Larissa Uchida, CEO da ExpoCannabis Brasil, defende a regulamentação do cultivo industrial no país. “O retorno líquido por hectare pode chegar a R$ 23.306, superando soja e milho juntos”, afirma. Apesar do potencial, o plantio comercial ainda não é legalizado, apenas autorizado em casos específicos para fins medicinais, mediante decisões judiciais e aprovação da Anvisa.
Além do uso farmacêutico, a cannabis oferece mais de 25 mil aplicações. Suas fibras podem ser usadas na construção civil (como bioconcreto), na moda (tecidos sustentáveis), na produção de biocombustíveis e até na alimentação, com sementes ricas em proteínas e azeites nutritivos.
No exterior, o mercado movimenta cifras bilionárias. Estados Unidos, Canadá e Uruguai já produzem cannabis em larga escala. Globalmente, o setor deve atingir US$ 82 bilhões até 2027, e o Brasil, mesmo sem cultivo interno, deve chegar a R$ 1 bilhão no mercado medicinal em 2025.

Larissa também destaca o lado sustentável da planta: “A cannabis consome dez vezes menos água que o algodão, tem colheita a cada três meses e pode gerar até 17 empregos por hectare”.
O avanço da regulamentação, que foi adiado para março de 2026 pela Advocacia-Geral da União, é visto como uma oportunidade de debate. “Espero que o país trate o tema de forma ampla, incluindo o uso industrial e não apenas o medicinal”, defende Uchida.
A executiva ainda acredita que o Brasil pode ser líder mundial no cultivo industrial. “Temos clima, solo e tecnologia para isso. O que falta é quebrar o preconceito.”
A ExpoCannabis Brasil, maior feira do setor na América Latina, chega à sua terceira edição entre os dias 14 e 16 de novembro, em São Paulo, e deve atrair 45 mil visitantes com palestras, exposições e debates sobre o futuro dessa nova economia verde.

