-qxlkjmu7hi02.jpg)
O sonho de criança de explorar o espaço nunca acabou para uma professora de Química de Goiânia. Movida pelo desejo de estar mais perto das estrelas, ela entrou em uma competição internacional que pode levar a primeira mulher brasileira ao espaço. Thaiza Montine se emociona ao pensar que pode representar o país e ainda trazer visibilidade para as mulheres e pessoas neurodivergentes — como ela — com essa conquista.
A professora, que leciona para o sexto ano, tem se dedicado à competição nas horas vagas. Ela disputa uma das seis vagas em uma missão internacional organizada pela Space Exploration & Research Agency (SERA), em parceria com a Blue Origin.
“É coisa de criança que nunca passou. Alguns sonham em ser bombeiros, outros em ser astronautas — e eu nunca deixei esse sonho para trás”, conta Thaiza.
A missão será realizada a bordo do foguete New Shepard, que já levou turistas e celebridades ao espaço, como a cantora Katy Perry. O processo seletivo é global, com concorrentes de 150 países, mas apenas um brasileiro será escolhido. Atualmente, Thaiza está entre as sete primeiras do Brasil e na 32ª posição mundial.
-t84506rscsoi.jpg)
A seleção envolve três etapas. A fase inicial, chamada de “fase zero”, depende exclusivamente de engajamento nas redes sociais. Cada curtida, visualização e compartilhamento nos conteúdos sobre a missão conta pontos para a professora. “Às vezes, é frustrante porque concorremos com influenciadores que têm milhões de seguidores. Eu falo ‘bom dia’ e recebo um ‘boa noite’ em troca”, brinca.
Raízes na ciência
Antes de disputar um lugar no espaço, Thaiza já vivia o universo aeroespacial de outra forma. Ela integra o Instituto Geração de Marte e participou de missões análogas do projeto Habitat Marte, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que simula condições de vida em colônias fora da Terra. Nessas experiências, ela desenvolveu pesquisas em ambiente virtual com equipes internacionais.
-sl9h1gw1p0md.jpg)
“Para nós aqui em Goiânia, a área aeroespacial parece algo muito distante, como se fosse coisa de filme. Descobrir que existe um polo de pesquisa no Brasil já foi uma revolução para mim”, disse.
O projeto tem mobilizado também os estudantes da professora. “Meus alunos estão desesperados. Eu brinco que essa é a chance que eles têm de mandar a professora para o espaço. Eles até pedem autógrafo para guardar”, contou, rindo.
A família também dá suporte, mesmo com o medo natural. “Lógico que tem gente assustada. Mas eu acho que é o medo que me move. Ele me faz seguir em frente.”
Representatividade e futuro
Thaiza acredita que sua candidatura vai além de realizar um sonho pessoal. Para ela, trata-se de abrir caminhos para mulheres na ciência e para pessoas neurodivergentes, grupo do qual faz parte.
-vbhf4erxdanl.jpg)
“Até hoje, o Brasil só teve dois astronautas, e ambos homens. Essa pode ser a oportunidade de mostrar que uma mulher também pode chegar lá. E também dar visibilidade para pessoas que muitas vezes acham que não vão ser capazes de realizar nada. Meu hiperfoco virou algo muito valioso”, afirmou.
Na fase atual, o público pode apoiar Thaiza acessando os links disponibilizados por ela em suas redes sociais e interagindo com os conteúdos que trazem a hashtag oficial da competição, #SERASpace.
Para Thaiza, o resultado final não será apenas sobre conquistar uma vaga no foguete. “Se eu conseguir despertar nos meus alunos e em outras pessoas o interesse pela ciência e pelo espaço, já vou me sentir realizada”