Multipolitan: Veja os destinos mais seguros do mundo para proteger e multiplicar riqueza no longo prazo


Ganhar, investir e multiplicar. Por muito tempo, essa foi a fórmula clássica da construção de riqueza. E quando o assunto era preservar patrimônio, a resposta parecia simples: procurar os países que cobravam menos tributos e ofereciam o maior sigilo possível. Porém, o cenário está mudando.

Com o avanço das reformas tributárias pelo mundo, o aumento da vigilância internacional e a pressão sobre as grandes fortunas, esse tradicional modelo de preservação de riqueza está perdendo força. Atualmente, alocar o capital exige mais do que buscar impostos baixos. É preciso encontrar lugares que ofereçam previsibilidade.

Assim surgem as “cidades-refúgio” — centros urbanos capazes de proteger e sustentar o dinheiro no longo prazo, combinando eficiência tributária com estabilidade política, infraestrutura digital e resiliência climática (uma nova preocupação para o futuro).

Um estudo feito pela Multipolitan, plataforma de migração global, e que analisa as características da riqueza global aponta que é necessário escolher locais onde o patrimônio será compreendido como parte da estratégia e não um número a ser tributado. “Hoje, para gerir o capital é necessário mais do que investir com inteligência, exige uma geografia eficiente”, afirma Dan Marconi, Head de Partnerships da Multipolitan.

As mudanças

No novo mapa da riqueza, não se trata mais de escapar do radar, mas de saber navegar dentro dele. Segundo a plataforma, a atratividade pelo sigilo das estruturas offshore tradicionais vem diminuindo, já que reformas regulatórias como o Common Reporting Standard (CRS) e a Lei de Conformidade Tributária de Contas Estrangeiras (FATCA) abriram caminho para o compartilhamento de informações entre países. Mesmo que isso pareça uma desvantagem, esses mecanismos permitem decisões mais estratégicas para quem vive e investe em vários locais.

A tecnologia também está ajudando a transformar o ambiente tributário com o uso de ferramentas como a Resident Tax, que utiliza a inteligência artificial para mapear a residência fiscal da pessoa em tempo real e emitir relatórios que facilitam auditorias.

Outro aspecto favorável é que o fim dessa gestão silenciosa de patrimônio está aumentando as buscas por jurisdições bem reguladas como Malta, que vem ganhando protagonismo desde que o Reino Unido eliminou seu regime fiscal baseado em remessas — regra que permitia a determinados residentes não pagar imposto sobre rendimentos e ganhos obtidos fora do país.

A mobilidade global também deixou de ser apenas um privilégio logístico, tornando-se um instrumento de planejamento patrimonial. As famílias de alta renda estão montando o que o estudo chama de “portfólios de liberdade”, combinando múltiplas residências fiscais e cidadanias com o objetivo de reduzir vulnerabilidades em tempos de incertezas políticas ou tributárias.

Refúgios do capital

Cidades como Zug (1ª) e Basileia (3ª), na Suíça, lideraram os locais globais que melhor preservaram a riqueza individual na última década. Elas apresentaram os resultados mais positivos ao combinar solidez econômica, valorização imobiliária e qualidade de vida. “Zug está em primeiro lugar devido ao conservadorismo monetário e à neutralidade legal da Suíça, que proporciona proteção ao capital”, explica Marconi.

Na segunda posição está Hong Kong, apresentando boa governança com valores imobiliários resilientes, de acordo com o levantamento. “No país asiático também notamos uma melhoria de 21% na qualidade de vida ao longo da década”, diz Marconi.

Já os Estados Unidos contam com duas cidades no ranking: São Francisco (4ª) e Seattle (7ª). Apesar de sua força tecnológica, esses locais classificam-se mais baixo devido a riscos climáticos, como incêndios florestais e altas temperaturas.

Na quinta colocação está Singapura e na sexta Tel Aviv (Israel). Outras cidades que chamam atenção são Sydney (8ª) e Melbourne (21ª). Na Europa, Luxemburgo (9ª) e Amsterdã (10ª) finalizam as dez primeiras posições da lista.

Mesmo que Copenhague, Singapura e Sydney, nem sempre estejam no topo do ranking de menores tributos, elas se destacam por sua inteligência fiscal — capacidade de aliar arrecadação eficiente à previsibilidade, transparência e proteção ao investidor. “Essas cidades entregam estabilidade institucional, segurança climática e qualidade de vida que sustentam o valor do patrimônio ao longo do tempo”, diz Gabrielle Reid, diretora de insights da Multipolitan.

Outros locais promissores estão fora do radartradicional dos planejadores financeiros, aponta o estudo. É o caso de Vilnius, na Lituânia, que aparece entre as 15 melhores, e de Vancouver, no Canadá, que equilibra política progressista com estabilidade fiscal e forte infraestrutura de serviços.

Já países como o Japão e a China foram excluídos da análise devido à alta carga tributária e à volatilidade econômica. Isso mostra que a forte riqueza institucional não se traduz em condições favoráveis para a preservação do capital individual.

E os paraísos fiscais?

A mudança na forma de analisar a eficiência fiscal é um dos motivos pelo qual os Emirados Árabes Unidos (EAU) se destacam no índice que analisa os ambientes fiscais mais atrativos do ponto de vista regulatório. Em primeiro lugar aparece Abu Dhabi, combinando imposto de renda zero, taxas de propriedade baixas e uma infraestrutura jurídica robusta.

Em seguida está Dubai, destacando-se por seus baixos tributos e ampla rede de acordos bilaterais. O governo mantém políticas rigorosas contra a lavagem de dinheiro e a evasão fiscal, ordenadas a padrões internacionais de transparência. Isso oferece equilíbrio atraente entre benefícios tributários e credibilidade institucional.

A principal diferença do EAU para outros paraísos fiscais é que alguns países como Suíça e Mônaco, famosos por suas vantagens tributárias, tem uma tradição mais conservadora, com foco em preservar as instituições e valores.

A legislação tributária dessas nações europeias é menos flexível que a dos Emirados. Mônaco, por exemplo, não cobra imposto de renda. Porém, as empresas que operam no principado estão sujeitas a tributos corporativos que podem chegar a 33% dependendo da receita.

A Suíça cobra impostos menores que outros países europeus, mas a carga tributária é maior que a dos EAU. O imposto de renda varia de 10% a 40% dependendo do cantão e da renda. O país também cobra tributos sobre herança e impostos empresariais de 11% a 24%, dependendo da região.

  • 1º – Zug
  • 2º – Hong Kong
  • 3º – Basel
  • 4º – Sydney
  • 5º – Reykjavík
  • 6º – Frankfurt
  • 7º – Victoria, Seychelles
  • 8º – Seattle
  • 9º – Singapura
  • 10º – Amsterdã
  • 11º – Vaduz
  • 12º – Munique
  • 13º – São Francisco
  • 14º – Tel Aviv
  • 15º – Luxemburgo
  • 16º – Copenhague
  • 17º – Estocolmo
  • 18º – Macau
  • 19º – Wellington
  • 20º – Vancouver
  • 21º – Melbourne
  • 22º – Abu Dhabi
  • 23º – Vilnius
  • 24º – Dubai
  • 25º – Dublin
Category: Destaques, Negócios
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